m de mãe, p de pais

Queridos pais,

Acho que vocês nunca conheceram a filha que têm em casa, acho que vocês nunca me quiseram conhecer de verdade. Quando choro. Sim mãe, quando do teu quarto me ouves chorar e ignoras, nunca imaginaste que é a tua falta de palavras e atenção que magoa. Sim pai, quando discutes comigo até pelas razões mais sem sentido, quando a minha voz treme e tu queixaste que não é motivo para ficar assim, eu só queria que demonstrassem um pouco de amor.
Sinto a vossa falta todos os dias, não é por não vos ver, é porque preciso de alguém. Quando quero estar fora, quando quero sair, eu não quero estar longe de vocês, eu só quero falar com alguém, estar com alguém, ser eu sem problemas.
Gostava tanto que me ouvissem, que me entendessem. Vocês não sabem o quanto custa ouvir o vosso silêncio, vocês não sabem como dói ouvir as vossas palavras, vocês não sonham como magoa perceber que vocês não valorizam o pouco ou muito que faço.
Se agora me estiverem a ouvir soluçar, desculpem-se com a crise da adolescência, têm conseguido e isso tem funcionado. Daqui a 3 anos, será a crise da juventude. Deixem para lá, já me habituei à vossa pouca preocupação,
Vocês só não me conhecem porque não querem nem tentam.
Mas apesar de tudo, amo-vos mais que qualquer outra pessoa. 
Até logo,
Inês.

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