Eu sonhei com sonhos intermináveis, vivi momentos inesquecíveis, vi coisas fantásticas, fiz coisas incapazes de imitar, ajudei como ninguém poderá ajudar, apoiei como nunca nenhum objecto ou aparelho poderá apoiar, eu vivi de uma forma que ninguém poderá vir a viver. Cada vida com um sentido, cada vida com um destino, cada vida com um objectivo e cada objectivo com os seus obstáculos. Tive sonhos incapazes de realizar, ouvi palavras memorizadas, senti apertos e alívios, senti dor e alegria, corri por amor, caí por lutar, mas era quando tinha um objectivo e um sonho que eu era feliz! Mesmo não sendo rica, mesmo tendo quem não gostasse de mim, mesmo não tendo um carro, e mesmo não vivendo ao pé dos meus amigos, mesmo sem muita liberdade, mesmo com dias em que chorava, eu poderia dizer que era feliz. Ouvi muitas palavras, escrevi muitas frases, fotografei muitas pessoas e muitos espaços, vi preto no branco, vi cores, e até cheguei a não ver nada. Mas nunca percebi porque é que nunca dizemos tudo o que temos a dizer, nunca percebi os meus medos, nunca percebi porque é que nego algo que devia afirmar, eu nunca percebi de verdade todos os porquês. Se errar é humano, porque é que nos criticam tanto quando erramos? Se o humano é imperfeito, porque é que lutamos tanto para sermos perfeitos? O impossível é só uma questão de opinião, o ter é só uma questão de querer e lutar, e o lutar é só uma maneira de viver. Tantas palavras, tantos significados, tantas escolhas, e nenhuma razão. Ao fim de tanto tempo, eu sei que não é fácil admitir os erros, sei que não é fácil sermos nós a pedir desculpa, sei que também não é fácil dizer o que sentimos á outra pessoa. Fácil é rebaixá-la, dizer que a odeias, fácil é ignorar, mesmo não sendo isso que queres dizer, mesmo não sendo isso que estejas a sentir. Mas lutar é sofrer, lutar é chorar, lutar é cair, lutar é viver.

inês rebelo

dez/julho/doismiledez